sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Conto: Panorama

Hoje apresento a vocês mais um conto que foi feito para o concurso de contos sobre SC2 pela Blizzard.

Este conto originalmente foi postado por JonyX em seu blog ele me pediu para postar aqui então depois de uma breve leitura eu decidi colocar a prova do pessoal!

Boa leitura gente!

Panorama
 
–– Odeio mulheres no comando… Elas sempre estão certas!
Assim reclamava o soldado Jay Roiller, assustado pela frustração de ser um completo alvo vulnerável e indefeso, com sua armadura rachada e corroída sendo, pois, o ultimo remanescente Terran da base Esperanto, nome dado em homenagem a língua que visava a ligação universal. Na base havia de fato soldados de diversas nações.
Escondido em uma já destroçada academia de Soldados, está desesperado para encontrar-se em liberdade deste seu confinamento induzido. Pouquíssimas estruturas se mantinham intactas. Seu armamento proporcionava um poder de fogo leve ou mesmo medíocre. Estando sozinho, sabia que não seria capaz de enfrentar nem ao menos outro Terran em melhor estado. Estava condenado. E o cheiro das cinzas o incomodava…
Ao longe se ouvia inúmeros sons, uns agudos, outros graves e roucos. Gritos de seres que Jay jamais havia encontrado a não ser em histórias durante seu treinamento. A melodia de sons funestos era acompanhada por trompetes corrosivos e violinos orgânicos. Zergs. Estavam por toda parte e se multiplicavam fazendo a bela passagem da fecundação humana parecer trivial e imperfeita perto da facilidade mágica ao quais esses seres se mutavam e evoluíam. –– Representam a evolução perfeita dos seres vivos –– clamava o Dr. Jenson Archimedes, lembrava Jay que apesar de só conhecê-lo de vista, por algum motivo guardou esta frase dita uma vez numa base da Confederação que visitou. A qualquer momento, um horripilante Hydralisk poderia destituí-lo de sua cabeça e, por isso, Jay observava a todos os lados com cautela e medo. Não sabia para onde fugir, mas sabia que o número de Zergs aumentara muito desde que foram atacados inicialmente. Era ele contra cerca de 500 zergs dos mais variados tipos.
Fumando seu ultimo cigarro, raro por conter tabaco original da Terra e não essas porcarias artificiais tradicionais entre os Soldados, Jay lembra como tudo aconteceu. A Missão Hibernação era algo que há muito felicitava a confederação. Uma cratera em Char com uma profundidade de 700 metros e um quilometro de diâmetro que abrigava o maior estoque de minérios e gás vespene jamais visto. Suficientes para manter a maior base Terran por até seis meses. Era uma mina de ouro, assim pensava o capitão Mark Tiller. –– Estaríamos coletando e estocando como ursos –– pensava. A idéia do capitão não agradava em nada a comandante Kerrigan – Ghost contratada como mercenária – que, incumbida de escoltar soldados para missões adjacentes a Grande Guerra, debatia a impossibilidade da manobra dar certo. Ela argumentava que sem a instalação de radares específicos, visto que os tradicionais não funcionavam na cratera com seus altos níveis eletromagnéticos, seria muito difícil detectar se não havia fundações Zergs nas mediações, além de próprios Zergs camuflados no subterrâneo. Desta forma, Kerrigan dizia que seria muito arriscada tal manobra, o que comprometeria muitos homens e principalmente componentes estruturais Terranos. Devido o número abissal de material a ser coletado, seria necessário a construção de uma base consideravelmente grande e o despacho de muitos extratores. Por haver muita energia eletromagnética, Kerrigan achava ainda que haveria a possibilidade de esta ser uma interferência de material Protoss, o que representaria um perigo de valor muito superior aos sinistros Zergs.

De qualquer forma, não parecia a ela uma boa idéia.
Jay detestava Kerrigan apesar de nunca ter ao menos trocado nem uma mera palavra com ela. Machista, achava que ela não mereceria estar em um campo de batalha. Odiava ainda mais quando a via discutindo severamente com seu capitão Mark Tiller, sendo que o fato da diferença hierárquica era o que menos o incomodava e sim o fato já citado. –– Devia colocar-se em seu lugar –– Pensava.
Seu cigarro acaba e, sem perder tempo, acende outro logo em seguida. Restam ainda três – ria sozinho; lembrando assim de forma pejorativa Kerrigan e sua brilhante atuação no grupo Domínio Terran, inimigo da Confederação; eles devem estar desesperados para contratar gente como ela, pensava, torcendo a boca e franzindo a testa em desaprovação; inveja. Com esta atitude e esses pensamentos discriminatórios, mais uma vez Jay Roiller esquece seu passado e de sua profunda incompetência…
Filho do General Albert Roiller, Jay sempre foi um garoto doente, contraindo a já extinta tuberculose quando possuía seus joviais sete anos de idade. Isso o debilitou muito até perto dos treze anos quando fora finalmente curado. Nem mesmo a Tuberculose é livre de mutações dizia o Médico Pediatra Samuel Frost, especialista na área quando questionado pelo General, pai do garoto, sobre a demora a se curar tal doença.
Mesmo enquanto doente Jay era um ás na escola. Em uma das bases da Federação Galáctica; Melhor Educação do Universo (era o slogan), Jay estudava, graças aos benefícios concedidos ao pai. Seu sonho era seguir carreira militar já que sendo tão desafortunado de beleza, era constantemente massacrado com piadas maldosas dos colegas da turma e se apoiava no sonho de ser o mais forte. Um dia serei o mais durão de todos, pensava. Jay era realmente baixinho, com seus 1 metro e cinqüenta e nove (e meio) de altura como ressaltava muito bem, sabendo que nunca entraria para a classe de soldados ao qual apenas os mais altos e fortes faziam parte. Ele, em contrapartida, seria um perfeito Ghost, onde sua desvantajosa altura seria de grande valia auxiliando ainda mais a camuflagem. Mas quem quer ser um Ghost? Quero ser soldado e durão como meu pai, teimosamente refletia.
Com dezoito anos, deixou a Terra e partiu para o exército no espaço, onde o treinamento era muito rigoroso. Ele acabou se alistando como Ghost, pois, de nenhuma forma ele poderia ser aceito para a academia de soldados; todos colocavam os mais variados empecilhos, baseados em fatos não aceitos por Jay. Após muito insistir, o jovem consegue que seu pai o interceda e, assim, após tanta luta, Jay entra para o treinamento militar… Antes não tivesse entrado. A interferência do pai de Jay só fez o garoto ser marcado dentro da base de treinos, sendo novamente objeto de escárnio dos companheiros que o humilhavam e o perturbavam exageradamente, além de ser torturado com trabalhos absurdos e humilhações por parte de seus superiores que se incomodaram ainda mais com o abuso de autoridade do General Albert Roiller.
O filhinho do papai, o filhinho do papai, tá com medinho, tá com medinho… O pessoal o provocava. Jay muitas vezes se pegava alterado, partindo para cima de seus agressores, mas acabava apanhando muito e ainda ficando de castigo pelos seus superiores. Ele sabia que não podia desistir, ele sabia que teria a importância devida na hora certa. Assim, Jay treinava e aguardava o momento de seu trunfo.
Já como soldado formado, Jay mostrou tremendo despreparo em diversas missões a qual participou, mesmo assim, por intermédio de seu pai, que já se encontrava desgastado de tanta vergonha a que era submetido graças ao seu filho, subiu alguns cargos no escalão, chegando a comandante.

Certa vez, em uma missão de resgate consideravelmente simples, o comandante Jay Roiller por negligência desvia o curso da missão, falhando e ainda perdendo alguns homens. Nesta época, General Albert Roiller estava no leito da morte devido a um derrame que há pouco o destituirá de sua grandiosa imponência e o despojava em uma cama.
Jay Roiller sofreu algo antes nunca visto. Destituições de cargos e expulsão. Ao implorar muito ao tribunal da confederação, permitiram que ele ficasse no baixo cargo de soldado novamente, o que culminou no falecimento do General Albert Roiller, possivelmente por desgosto e vergonha em sua já desvantagem física. Jay nunca se perdoou. A partir daí, Jay era sempre alvo das missões mais perigosas onde o risco da perda da vida era apenas um mero detalhe. Nestas missões, por covardia ou mesmo por instinto de sobrevivência, Jay se escondia durante as batalhas e até usava companheiros como iscas, tudo para se manter vivo. Isso foi até a missão Hibernação.
Após presenciar um acalorado debate entre Kerrigan – que acabara abandonando a missão por achar a mesma demasiada loucura – e seu superior Mark Tiller, Jay sentia no fundo a felicidade de não ter a incompetência daquela mulher no grupo. Já diante da porta de saída do saguão onde terminariam discutindo, enfurecida Kerrigan diz fulminante:
–– Vocês estão cavando própria cova. Sua negligência culminará em sua desgraça quando seus homens forem destroçados e você se borrar diante da morte que levará sua carne suja pro abismo. Quando ver que tudo for dar errado, lembre-se de mim, quando ver o primeiro de seus homens sucumbir, lembre-se de mim, quando ver o quanto foi teimoso e imprudente… Lembre-se. Seria um milagre se um ao menos retornar.
Mark Tiller só observava. Apesar da incrível falta de respeito de Kerrigan, Mark sabia o quanto ela era útil para a Federação. Portanto, só a observava refletindo que aquilo era uma forma de tentar mantê-la ainda mais na equipe, sem repreende – lá. Ela estaria sendo usada no fim das contas.
O silencio despertou certa curiosidade em Kerrigan que, antes de cruzar a porta e sair, soltou um tanto arrependida:
–– Boa sorte, irá certamente precisar –– e saiu, sem retornar.
Em poucos meses, tudo estaria pronto para a missão. Eram muitos soldados, extratores e cientistas em uma missão não natural, onde o despacho de muitas unidades estariam envolvidas. Jay estava em uma das naves com inúmeros soldados quando ouviu a voz metálica dizer pela nave:
–– Estamos sobre a cratera Lumine, em Char. A turbulência será um processo natural na descida. Estimativa de pouso: cinco minutos. –– Dizia a voz que, mesmo maquinal, ainda era muito triste.
Pela janelinha que muito pouco iluminava o interior da nave, Jay podia ver o rosto jovem de alguns soldados, alguns pareciam estar nervosos. Do lado de fora sentia a desolação do planeta que, apesar da pouca vida nativa, parecia ser na verdade mais um gigante abandonado no universo.

E assim, a base Esperanto se constituirá no fundo da cratera Lumine. Nome dado as diversas fontes de magma que geravam luzes muito claras e amareladas. Constantemente, alguns soldados – contrariando regras claras – ficavam a noite assando alguns quitutes nas chamas do magma, de pequenos filés à marshmellows que alguns traziam escondidos entre as bagagens. A comida na base era realmente muito ruim, se justificavam quando pegos. E assim seguia as noites frias na cratera. Os extratores, que também eram construtores, trabalhavam incansavelmente em ritmo de revezamento. Uma equipe trabalhava doze horas e, em seguida, era trocado por outra equipe. Assim, o trabalho e os avanços da coleta na cratera eram ininterruptos.
Jay estava completamente satisfeito com a missão. Em um mês não fez mais do que limpar alguns cantos sujos e trabalhos de rotina, patrulhar, manter guarda entre outras coisas. Nada tão difícil. Na maior parte do tempo passava descansando em seu quarto na academia. Entre as inúmeras pornografias e revistas esportivas do alojamento militar, Sun Tzu disputava seu espaço conquistando ao menos Jay, que se sentia confiante em seu objetivo de se reerguer.
Quando o primeiro mês passou, o capitão Mark Tiller em muito se felicitava. Lendo seu relatório matinal e fumando um abrasivo e relaxante cigarro de Tabaco original, percebia que mais duas semanas e todo o estoque estaria coletado. Kerrigan estava errada em tudo que profetizara. Para o capitão Mark Tiller, os dez homens desaparecidos neste ultimo mês não passa de rotina militar, afinal, eles não foram encontrados e pode muito bem ser a chamada “Síndrome do Isolamento Absoluto” que atingia cerca de 1 a cada 100 pessoas que ficavam confinadas no espaço; nada além do normal.
Certa manhã fria, já pela madrugada, as coisas não começavam nada bem. Um dos pilotos de um extrator passou mal. Disse que foi atingido por algum fluido vindo do céu e que o mesmo agiu em seu organismo como um anestésico. Este estranho líquido, que inicialmente era amarelo e viscoso, foi desaparecendo no decorrer de minutos e, no fim, só restava-lhe os horríveis sintomas que se intensificaram. Os médicos tinham dificuldades para resolver o problema. Na verdade, o piloto tinha um cansaço extremamente anormal e mesmo quando os médicos aplicaram diversos estimulantes, um sintoma muito pior e psicológico assombrava o enfermo; Uma terrível depressão que os médicos disseram se tratar de patológico, conseqüência do entranho fluido. O fluido foi levado pela mesma manhã ao químico militar de maior patente, tenente Dr. Ronald Smith, mas o mesmo não fora encontrado por nenhum canto da base. Neste instante, o capitão da operação Mark Miller percebeu que algo de estranho assolava a base. Ronald era certamente o mais improvável a sofrer a injuria do isolamento. Sendo ele militar que a muito já possuía experiência em campo, o tenente e químico jamais poderia ser infligido de qualquer problema psicológico.
Jay e alguns homens ficaram incumbidos de procurar o Tenente Dr. Ronald, mas, após uma hora, nada fora encontrado. Neste período de ausência, o extrator acabou por se enforcar no quarto, tornando o clima na base Esperanto muito tenso. Jay mesmo sentia inúmeros calafrios observando os outros extratores que mesmo diante do problema não podiam parar de coletar minerais. O rosto de cada um transmitia medo e tristeza, ao mesmo tempo em que a saudade da Terra dominava o ar de muitos.
Antes de o capitão Miller tomar qualquer atitude, clamando por uma reunião breve, um dos soldados responsável pelo esquadrão de defesa em uma extremidade periférica da base transmite um sinal de urgência. Parece que havia acontecido algo muito estranho, alerta de nível amarelo.
Jay logo chegou ao local e visualizou algo tão bizarro que tremia. Outros soldados se posicionavam fazendo com que Jay não perdesse tempo e se aprontasse também.
Na direção dos inúmeros rifles, muito longe da base, é perceptível dez sombras que lentamente caminhavam em direção a base. Eram humanos, em Char, como?
Já mais próximo da base se percebia as formas desfiguradas dos soldados que haviam a tempos desaparecido da base. Entre eles o químico Tenente Ronald. Eles estavam muito feridos, com inúmeras marcas de sangue espalhadas pelo corpo. A armadura deles estava completamente inutilizáveis. O Tenente Dr. Ronald caminhava mais velozmente que todos os outros e logo chegaria frente a frente com um dos soldados da linha defensiva. Ronald observava friamente o soldado enquanto lentamente os outros nove avançavam. Prestando continência, o soldado diz:
–– É bom revelo Tenente, está tudo bem. A equipe médica está se aproximando e… Subitamente o soldado se cala. Enquanto falava, Ronald ficará com o olhar vago, enquanto seu globo ocular ia levemente mirando seu Iris para dentro, deixando seu olho branco. Um estranho cheiro podre, porém desconhecido, era exalado do Tenente. Nesta altura os soldados perdidos já avançavam para dentro da base.
Outros homens se aproximaram para ver o Tenente que estava já alguns minutos parados de forma estranha. Os outros soldados bizarros e feridos pararam em volta da base de comando, de forma circular em volta da mesma.
Quando o soldado que estava rente ao Tenente voltou a olhar para ele, percebeu com horror como o rosto de Ronald estava horrível. Muito inchado, com um sorriso malicioso e exalando um cheiro ainda mais terrível. Não deu tempo para se afastar. Rindo muito alto e em um tom grave demais para qualquer humano, o Tenente explode, com uma intensidade absurda levando consigo a vida de todos os jovens soldados da linha da frente defensiva.
–– Infectados, Zergs! –– As explosões que se sucederam ao redor da base Central fora uma verdadeira catástrofe cessando qualquer comentário, explicação e muitas vidas. O Centro de Comando fora destruído completamente e assim, Mark Tiller e todos os principais comandantes iam com a base para o chão em forma de cinza, sujeira e sangue.

–– Meu Deus –– Dizia Jay correndo e preparando-se para o ataque. Não demorou muito para a entrada principal ser assolada por nada menos que 20 pequenos Zerglings, seres insectuais relativamente pequenos, mas ainda assim, quase do tamanho de um humano. Eles se aproximavam e iam dizimando cada estrutura humana que viam Ainda assim, foram felizmente diluídos em um fluido verde e vermelho graças as rajadas de projéteis dos Soldados. Os Extratores corriam de um lado a outro, não sabiam o que fazer, o alojamento desses era a base principal que agora estava completamente destruída.
Jay disparava as poucas balas que tinha, imaginando que as coisas poderiam ficar pior… E ficaram. Na mesma entrada onde jazia a linha defensiva, inúmeros Zergs maiores e mais assustadores apareciam e iam dizimando a linha de ataque da base. Eram horripilantes Hidralisks, maiores que os humanos e muito perigosos. Cerca de 30 deles iam avançando. Pouco a pouco novos Zerglings também avançavam. Estava um caos. Os extratores, pobres trabalhadores mal pagos, foram estraçalhados. Apesar da linha de ataque ser relativamente forte, estavam perdendo, e muito rápido.

Era claro o despreparo mantido pela base Esperanto. Após o primeiro mês na cratera, o capitão Mark Tiller – Que Deus o tenha – Observava a execução de sua ultima ordem; o retorno de inúmeros homens, que voltavam felizes à Terra. Restando pouco mais que uma quinzena para que o material fosse completamente recolhido, Mark achou justo liberar os homens, que já vinham de outra missão, para visitar suas famílias – Está tudo tranqüilo, são os bons ares a nosso favor – dizia Mark consigo mesmo. Sua bondade custou caro. A base também mantinha péssimas estruturas defensivas, basicamente soldados, alguns antiaéreos e umas poucas naves de combate. Tanques de forma alguma cabiam dentre as construções da base (sendo esses primordiais para uma defesa efetiva), desta forma haviam sido descartados no inicio deste projeto. Esperanto mantinha inúmeros galpões para a estocagem do material sendo a base constituída quase que exclusivamente desses. Desta forma, seria complexo planejar uma defesa adequada.
Diferentes dos outros soldados, os tiros disparados por Jay pareciam não surtir efeito, levantavam poeira e acertava algum alvo aleatório. Os Zergs não paravam de aparecer e logo os soldados começaram a ter dificuldades em conter a onda de inimigos. Restavam cento e dez homens. Na entrada da base, principal linha de defesa, cinqüenta Zerglings e o número aumentava. Quando inúmeros alienígenas muito maiores partiram para cima da frota na defesa, Jay teve certeza que seria o fim e viu suas esperanças caírem por terras junto com as estruturas humanas. As naves de combate, ao qual não se via nenhuma em combate caiam de todo lado, derrubadas por Zergs que voavam velozmente… Pareciam apreciar toda a destruição.
Escondido embaixo da base acadêmica de Soldados arrasada e ainda fumegante, Jay sentia o coração na nuca… Medo. Só pensava em como sobreviver daquele quadro maldito; resolveu então relaxar para observar e viu duas coisas que seriam de extremo auxílio na proteção de sua vida. Havia em uma das bases ainda inteiras, uma refinaria de gás vespene com um enorme tubo, pela qual subia o gás que era coletado em outra refinaria fora da cratera. Em contrapartida, por reviravolta do destino, ao seu lado, havia um de seus companheiros que morrera. E ele vestia equipamento Ghost, como assim ele o era. Jay agradeceu aos céus por já ter tido este tipo de treinamento.

Andando por entre as centenas de Zergs que se batiam e se contorciam, Jay avançava rapidamente em direção a construção onde extendia-se o tubo. Ele iria sair por ali. Os Zergs esbarravam nele diversas vezes, tentavam farejar algo, mas, nada. Jay usava a camuflagem tradicional entre os Ghosts tornando-se parcialmente invisível. Seguindo com cautela, pois ele poderia ainda ser visto, na refinaria. A sorte estava a seu favor. Não havia nenhum detector Zergs nos arredores, seres voadores grotescos, gigantes e gordos. Esses revelariam rapidamente Jay, mas, por algum motivo de muita sorte, eles não estavam em nenhum lugar. Além disso, com a destruição da Base, a energia da Refinaria de Gás Vespene estava cortada e não estava produzindo. Isso ajudou completamente Jay que pretendia fazer esse processo manualmente o que demoraria muito. Na atual situação, o Ghost apenas se infiltrara na refinaria procurando o enorme cano, ainda com um lenço no rosto, pois o gás ainda existia nesta base, mesmo que fracamente. Com os apetrechos de seu equipamento, não tardou a encontrar e assim iniciou uma dura escalada. O cano disponha de uma escada emergencial para possíveis consertos, e é por ela que Jay se introduziu, elevando-se pouco a pouco.
Subindo o tubo, tremia quando os Zergs voadores batiam ferozmente do cano, sabe-se-lá-por quê? A energia de seu uniforme não era ilimitada e faltava pouco para acabar quando finalmente chegou do outro lado do tubo de transfusão de gás. Não resistira e olhara de cima para o enorme buraco onde se despojava sua antiga base.

O Panorama era sublime. A quantidade de Zergs era imensa e Jay jamais virá tal cena. A uma altura considerável – 700 metros – Os Zergs pareciam inocentes formigas num trabalho de camaradagem e organização. Jay acendeu o ultimo dos seus cigarros e prometeu ficar ali até tragá-lo por completo. A cada trago, Jay soltava o ar velozmente e respirava o ar frio que subia da cratera. Jay tinha esperanças e nunca se sentira tão confiante em si mesmo. Ele era agora o mais forte, o mais corajoso e era o único sobrevivente da base esperanto. Terminou de dar seu ultimo trago e lembrou-se de seu pai contando suas velhas histórias da guerra. Ele se sentiria orgulhoso. Quem sabe? Jay ainda tinha muito caminho a trilhar, portanto, largou o seu Panorama da vitória e seguiu seu caminho. Para Jay ele vencera aquela luta, vencera os Zergs. É difícil conceder a vitória de alguém de escala o sucesso na derrota do outrem. Os companheiros de Jay e o Capitão Mark Tiller se remoíam certamente em seus túmulos sujos.
Com o restante de energia que lhe restava, Jay corria pelo deserto que circundava a cratera Lumine em Char. Usou sua camuflagem até onde pôde. Com o fim do dia e a kilômetros de sua base, o Ghost parara por cansaço, já sem energia para se esconder, o fazendo por entre os rochedos. Ele não tinha comida nem água. Andou por cerca de três dias e apagou. Caiu num canto esquecido do deserto.
Mas a sorte estava longe de abandonar o Soldado Jay Roiller.
Jay fora resgatado pela base ao qual loucamente se dirigia. Uma base de vôos intergaláctico da Federação; Todos celebraram a sorte daquele homem que enganara a morte diversas vezes em um mesmo dia. Jay se tornara uma lenda. No mesmo dia em que Jay acordou foi condecorado com diversas medalhas sendo uma de honra e duas pela coragem e nosso herói chorava emocionado. Até mesmo a Tenente Kerrigan o congratulou, desculpando-se severamente por ter profetizado coisas horríveis, como se ela mesmo tivesse elaborado ou sabe-se realmente do ataque.
Jay estava finalmente feliz, mas, não fora promovido. Mas ele também não precisava, estava feliz demais por ser o soldado mais corajoso de todos, contando para os amigos o quanto defendia prudentemente a base e enfrentara e aniquilara mais de duzentos Zergs sozinho. Todos estavam fascinados com sua garra.
Mas se a sorte não fosse uma grande balança sádica onde dá prêmios para rir de sua desgraça mais tarde, Jay realmente poderia ter ficado bem melhor.
Meses após a destruição e a completa falha da missão Hibernação, a Confederação Galáctica exigiu investigações nos destroços da base Esperanto para finalizar os relatórios burocráticos que acompanham cada missão. Uma equipe muito bem organizada e extremamente habilidosa de Ghosts seguiu novamente para a abandonada cratera de Char. Os soldados espiões detectaram que os Zergs usurparam todo o estoque de minerais e gás vespene, um prejuízo inestimável e uma grande ameaça devido à quantidade imensa de material. Após vasculharem tudo, encontraram nos destroços da central de controle e do setor computacional um objeto, que podemos comparar a caixa preta de um avião. Eles chamavam de Caixa de Pandora e nela se continha todos os vídeos das câmeras de segurança da base até o instante ao quais essas câmeras foram destruídas. Sem dúvidas nela havia muita informação do ataque Zergs a base.

Já na base da confederação, os vídeos foram exibidos para inúmeros peritos e para os Generais. E não era difícil de perceber o quanto desagradava a impotência dos militares contra os Zergs. Um dos Generais saira da sala de tão desgosto ao ver como foram derrotados miseravelmente. Nos vídeos, porém, algo chamou muito mais a atenção do que qualquer outra coisa. Um soldado, que visivelmente não era um herói, mas sim um extremo covarde corria para trás de colegas da frota, se protegendo e usando amigos como escudos. Em uma cena, encostado numa das estruturas danificadas, o homem fumava enquanto via o companheiro ferido pedindo auxílio. Nos vídeos mais a frente, era possível ver quando esse mesmo homem se aproveitará de um dos Ghosts feridos para roubar e usufruir de seu uniforme. Sim, esse era Jay. Nos vídeos seguintes, eles viram a fuga desengonçada e ridícula de alguém que sobreviveu escalando nas costa dos feridos e empurrando os mais fortes para a morte certa. Quando Jay se encontrara no topo da caverna, havia inúmeros homens ainda na base. De cima seria mais fácil auxiliar de alguma forma, mas, o vídeo mostra quando Jay termina seu cigarro e parte. Próximo de onde Jay se encontrava, na superfície da cratera havia a Baía de Engenharia onde facilmente Jay poderia explodir os Zergs na base com sistemas de autodestruição. Jay apenas fugiu e um dos Generais diz enfurecido:
–– Quero a expulsão deste homem hoje!
Após muito chorar e implorar, Jay conseguiu ao menos ficar como civil na base. Ficara preso uns meses e perdera todos os benefícios militares inclusive direito a herança dos bens de seu pai. Jay não era mais nada. Fora depois de um tempo, sofrendo de maus tratos, expulso e impedido de entrar na confederação.
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A missão Nova Gettysburg estava organizada. Inúmeros soldados, tanques e bases colonizadoras estavam prontas para o ataque. Kerrigan lideraria o ataque contra os Protoss. Arcturus Mengsk era o Imperador do Domínio Terran, grande rival da Confederação. Sua missão consistiria em dizimar poderosas forças Protoss num território amplamente dominado por Zergs. Missão complexa mas não para a fantástica Ghost Kerrigan.
E assim partiu um grupo enorme para a batalha.
Limpando (bem mal limpo por sinal), um homem baixo e feio varria um canto imundo da base enquanto observava a equipe destemida seguir para a missão. Quando os Soldados passavam com aquelas armaduras gigantescas, o homem até tremia de emoção. Enquanto observava via a bela Kerrigan e resmungava:
–– Desta vez ela não volta, fantástica Kerrigan, bah!
E segue Jay, limpando e se escorando pelas paredes. Dizem que se orgulha de dizer a todos que é o melhor faxineiro da galáxia.

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